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Do sindicato livre ao atrelado pelo Estado: os metalúrgicos cariocas entre 1917 e 1945




O trabalho que ora se apresenta para o grande público, sob a forma de e-book, possui um referencial histórico indelével, necessário ao leitor ter em mente para dimensionar sua leitura. Apresentada como uma Dissertação de Mestrado em 1986, a reflexão desenvolvida no texto é produto da expectativa da sociedade brasileira, com a emergência de um ator social consagrado: a classe operária. Fenômeno mundial que se apresentou aos olhos do público na década de 1970 – quando várias realidades nacionais, testemunharam a expectativa de que a “classe” voltaria a ser um eixo de lutas sociais, dada a quantidade e qualidade dos conflitos trabalhistas que se espalhavam mundialmente – em nossa realidade confundia-se este processo com o ocaso da ditadura militar-empresarial, o aprofundamento da crise econômica e o início da pactuação para a construção de uma experiência de democracia política.

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No que toca ao estudo, o autor demonstrou com clareza e profundidade que a construção de um sindicato moldado pelo “corporativismo” não foi produto de mão única do Estado (ordenador) para o movimento operário (submisso). Sua lúcida pesquisa apontou que a formatação das inúmeras instituições trabalhistas, erigidas ao longo de toda a década, constituíram-se, sempre, num complexo processo de interações Estado-classe operária, Estado-sindicato, sindicato-classe operária, sindicato-sindicato, Estado-empresariado, sindicato-empresariado e sindicato-partidos políticos. Neste sentido, o viés narrativo do “corporativismo” puro é desconstruído pelo autor como produto da simples vontade do Estado. Tal versão, que perdura há mais de oitenta anos, é derivada da visão liberal que após a 2a. Guerra Mundial que associou o comunismo na URSS com o nazifascismo, tornando-se a base da negação contínua da legitimidade da representação sindical da classe operária.


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Finalmente, consagrar a compreensão da ação do movimento sindical tal como encontramos neste trabalho desmitificará qualquer narrativa da classe operária se reproduzindo pela ótica simples que a imposição analítica de modelos pré-definidos tem produzido. A leitura de “A União dos Trabalhadores Metalúrgicos na Construção do Sindicato Corporativista: 1932-1945” qualifica este segmento social como ator legítimo. Tal é o legado deste trabalho e também, acreditamos, o caminho para a busca da identidade coletiva do mundo do trabalho – objetiva e subjetivamente construídas – elemento essencial para o constante enfrentamento dos grandes desafios contemporâneos da classe operária frente ao domínio do capital.


Bernardo Kocher

Professor de História Contemporânea Universidade Federal Fluminense


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