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O Partido Comunista dos EUA na construção da United Auto Workers (anos 1930)

Com a retomada das greves operárias e de trabalhadores desde 2022 tornou-se inevitável que o passado seja “revisitado”, inclusive pela liderança que procura criar um sentido de identidade atual com as lutas heroicas, a exemplo das manifestações do presidente da United Auto Workers, Shawn Fain, a propósito da greve histórica contra a General Motors em Flint, Michigan, entre 1936 e 1937, quando teria nascido o sindicato. Mas a história não apenas deixa de ser contada[1], como se omite a forte participação do Partido Comunista dos Estados Unidos da América na construção desse sindicato.


A história é apresentada no monumental trabalho “The Communist Party and the Auto Workers Union”, de Roger Keeran, com 340 páginas publicadas em 1980. Considerando, porém, o tempo veloz em que vivemos, uma alternativa para o entendimento do papel desse partido na construção da UAW encontra-se na síntese “Construindo o UAW: Como o Partido Comunista dos EUA venceu a batalha e perdeu a guerra”, de Peter Shapiro, traduzido do Marxist Internet Archives. Ambos textos estão disponíveis para download aqui e na Biblioteca Socialista, espaço virtual de outros textos interessantes, cuja visita recomendamos à leitora e ao leitor.


Uma observação importante a respeito do texto de Peter Shapiro: se ele situa o oportunismo do Partido Comunista dos EUA naquele momento (e suas repercussões até nossos dias) não examina as raízes históricas e políticas desse fenômeno. Uma contribuição nesse sentido foi desenvolvida por Erico Sachs no documento Caminho e caráter da revolução brasileira, na parte IV – O proletariado brasileiro e a revolução mundial.


O oportunismo do partido comunista nos EUA criticado por Shapiro era comum a todos os demais. A Internacional Comunista, tendo abandonado a linha ultra-esquerdista no VII Congresso, em 1935, definiu a política da “Frente Popular”, descobrindo a existência de uma “burguesia progressista” nos países imperialistas do Ocidente. Tratava-se de uma linha de acordo com a política externa da União Soviética, ameaçada pelos governos desses países, estabelecendo dessa forma uma subordinação entre os interesses diplomáticos russos e a ação dos partidos comunistas em todo o mundo. A subordinação, do lado desses partidos, era a expressão da fraqueza teórica, da falta de experiência e de tradições próprias, deixando claro, como assinala Erico Sachs, a fragilidade da Internacional Comunista. Tal fraqueza permitiu seu envolvimento na luta das facções hostis (stalinistas e trotskistas), as quais subordinavam os problemas e o futuro do comunismo aos seus interesses e a escolha dos partidos pela liderança de Stalin, identificada com a União Soviética.



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